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Desafio criativo

Atualizado: 10 de fev. de 2020

Já contei lá na História da Fiando Ideias que a marca nasceu a partir de um desafio de consistência criativa. Neste post vou compartilhar mais detalhes sobre essa linda experiência.


Em 2018 eu participei de um curso de Empreendedorismo Criativo chamado DecolaLab, conduzido pela Rafa Cappai. Uma das etapas do curso era dedicada ao exercício da criatividade como uma rotina. Foi proposto, mais ou menos, assim: ao longo de 30 dias consecutivos o aluno deveria criar diariamente algo que poderia estar relacionado com o seu empreendimento criativo. Um objeto, uma poesia, uma fotografia, etc. O resultado dessa criação deveria ser compartilhado com outras pessoas gerando com isso um compromisso do criador em não trair sua audiência e seguir criando. Também era necessário criar alguma limitação para o processo criativo, como por exemplo, criar em determinado tempo, escrever textos sobre apenas um assunto, rimar as poesias sempre com a mesma palavra, etc. Eu decidi criar, diariamente, objetos feitos a partir de fios. Minha delimitação criativa foi desenvolver esses objetos apenas utilizando resíduos de lã ovina que eu havia recebido de uma amiga. Parecia simples, só que não! Foi tão desafiador que eu levei um mês só para criar coragem de começar.


Diariamente eu sentava em frente àqueles fios e nenhuma ideia surgia. A procrastinação batia, a frustração e a auto-sabotagem eram minhas companheiras. Comecei a observar o que me impedia de criar, justo eu que trabalho como designer de artesanato e estou sempre lidando com o bloqueio criativo de artesãos. Foi aí que a ficha caiu! Eu estava desenhando um produto na minha mente. Imaginava a peça pronta, quais acabamentos teriam, como seria a produção, como levaria isso para o mercado. Percebi que o meu pensamento estratégico de designer estava se sobrepondo ao mais importante: a criatividade.


Quando finalmente desisti de ser racional, analítica e estratégica, abri espaço para brincar com os materiais. Liguei o som, me sentei ao sol (era inverno) e comecei a tramar. Em pouco mais de duas horas eu havia concluído o primeiro objeto. Fiquei encantada com o que fiz, admirada com a fluidez criativa após eu ter me liberado da exigência de ter um resultado. Finalmente confiei no processo!

Cumpri a primeira etapa do desafio e resolvi me provocar ainda mais! Decidi que não queria apenas compartilhar a imagem do objeto criado, mas queria contar sobre o processo, criar um diálogo com a audiência. Assim, a cada objeto criado e postado nas redes sociais, colava um texto sobre situações, ideias e pensamento que circundavam a criação de cada objeto.


Cada peça criada contava algo de mim, das minhas conversas com minha filha, da minha paixão por observar a natureza, das histórias que ouvia quando criança.



Descobri nessa experiência criativa o quanto se desprender do resultado e confiar no processo é essencial para que a intuição, o lúdico, a experimentação e os arranjos cognitivos se aproveitem da experiência. Aparar as arestas, delinear a criação para torná-la um produto, por exemplo, é uma etapa seguinte. Ter essa consciência foi fundamental para eu viver minha potência criativa.


Também percebi que é característico em mim a figuração. Gosto de ilustrar nos meus trabalhos, contar histórias através das imagens. E nessa contação redescobri minhas aventuras e explorações quando criança, trouxe essa infância em conexão com a minha filha, falei das mulheres que fiam com suas mãos e com suas histórias, mulheres cíclicas, selvagens e empoderadas.


Hoje percebo que esse foi mais do que um desafio criativo, mas uma jornada de autoconhecimento.


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